Saltar para conteúdo
Histórico XXII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

Notícias

2020-11-02 às 12h04

Governo pede declaração do estado de emergência ao Presidente da República

Cerimónia do Içar da Bandeira Nacional em Dia de Luto Nacional, Lisboa, 2 novembro 2020 (Foto: Clara Azevedo)
Primeiro-Ministro António Costa com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Lisboa, 2 novembro 2020 (Foto: Manuel de Almeida/Lusa)
«O Governo veio apresentar ao Senhor Presidente da República a proposta de que seja declarado o estado de emergência com uma natureza essencialmente preventiva», afirmou o Primeiro-Ministro António Costa no final de uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em Lisboa.

O Primeiro-Ministro explicou que a declaração do estado de emergência se destina a «eliminar duvidas jurídicas quanto a quatro dimensões fundamentais»:

A primeira é «sobre a possibilidade de o Governo impor, sempre que justificado, entre diferentes áreas do território, em certos períodos do dia e em certos dias da semana, limitações à liberdade de deslocação».

A segunda é «sobre a legitimidade para impor medidas de controlo de temperatura, seja no acesso a locais de trabalho, seja acesso a locais públicos».

A terceira é «robustecer os termos em que o Estado possa proceder à utilização de recursos e meios de saúde, seja do setor privado, seja do setor social, para ter um quadro flexível que permita o diálogo e a utilização dos meios sempre que eles sejam necessários».

A quarta, «muito importante», é «não haver qualquer dúvida de que podemos mobilizar recursos humanos, seja do setor publico, seja do setor privado, designadamente elementos das forças armadas ou servidores públicos (funcionários públicos, professores, ou outros) que não estando infetados, não estando impossibilitados de trabalhar, se encontram em situação de recolhimento por integrarem setores de risco».

Estes funcionários «podem ser devidamente utilizados para reforçar o esforço extraordinário que as equipas de saúde pública, de medicina geral e familiar, de saúde comunitária, dos cuidados de saúde primários, estão a fazer, seja no rastreamento de casos positivos de contato de risco, seja no acompanhamento das pessoas que estão em situação de confinamento», disse. 

O Primeiro-Ministro afirmou que «o estado de emergência deverá ter uma extensão superior aos 15 dias a que a Constituição o limita e, à partida, deve assumido como podendo ser periodicamente renovado, de forma a que esta ferramenta permita continuar a combater a pandemia numa fase que, neste mês de novembro, vai ser muito difícil e dura». 

António Costa sublinhou que «vamos continuar a ter um aumento muito significativo de novos casos, mais pessoas internadas, um maior número de perdas de vida do que os que tivemos nos meses anteriores e mesmo durante a primeira vaga», acrescentando que este «é um momento critico e a declaração do estado de emergência terá o efeito de reforçar a consciência cívica da emergência sanitária que estamos a enfrentar».

Luto nacional

O Primeiro-Ministro participou na cerimónia do Içar da Bandeira Nacional em Dia de Luto Nacional e homenagem a todos os falecidos, em especial às vítimas da pandemia da doença Covid-19, no Palácio de Belém, em Lisboa.

António Costa disse que este «dia de luto nacional pela memória das pessoas falecidas e, em especial, das pessoas que faleceram em consequência da pandemia Covid-19», «é um momento especial em que o Estado rende homenagem a todos aqueles que faleceram num momento muito doloroso, em que o Estado teve de impor às famílias limitações na forma de elas expressarem a dor e invocarem a memória dos seus entes queridos que faleceram».

A bandeira nacional foi colocada a meia haste frente ao Palácio de Belém na presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, do Primeiro-Ministro e de outras altas figuras do Estado.

A bandeira nacional foi primeiro içada até ao topo, ao som do hino nacional, e depois colocada a meia haste, em silêncio. Em seguida, foi guardado um minuto de silêncio.

O Governo decidiu declarar o dia 2 de novembro, Dia de Finados, «como dia de luto nacional, como forma de prestar homenagem a todos os falecidos, em especial às vítimas da pandemia da doença Covid-19», refere o comunicado do Conselho de Ministros de 22 de outubro.