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2021-09-17 às 11h28

Ferrovia é um dos instrumentos mais eficazes para atingir a neutralidade carbónica

Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, «Train Summit Green Deal e Descarbonização», 17 setembro 2021
O Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, afirmou que «a transição modal para a ferrovia é um dos instrumentos mais eficazes que temos para reduzir as emissões de gases de efeito de estufa e atingir a neutralidade carbónica em 2050 ou, desejavelmente, antes»:

«O transporte ferroviário combina uma eficiência energética imbatível com o facto de estar eletrificado numa maior escala do que qualquer outro modo de transporte. Ao contrário do automóvel, do navio e, sobretudo, do avião, já não existe nenhuma barreira tecnológica à eletrificação total do transporte ferroviário. Toda a tecnologia de que precisamos para isso está disponível há muitas décadas» disse Pedro Nuno Santos.

O Ministro falava na «Train Summit Green Deal e Descarbonização», que decorreu a bordo de um comboio que fazia o percurso entre a estação de Santa Apolónia, em Lisboa, e Porto Campanhã.

Estratégia para a Mobilidade Sustentável e Inteligente

O Ministro referiu também, na sua intervenção, a Estratégia para a Mobilidade Sustentável e Inteligente, publicada pela União Europeia, e que traça, como objetivos, a duplicação do transporte ferroviário de mercadorias e a triplicação do número e passageiros em alta velocidade até 2050, tendo em conta os níveis de 2015:

«Se olharmos pelo lado do investimento necessário, então estamos a falar de objetivo muito ambiciosos. Em Portugal, como um pouco por toda a Europa, a rede ferroviária tem diversos pontos de estrangulamento que limitam a sua capacidade. Por mais que se modernize, há um limite físico ao número de comboios que lá podem passar. É por isso que é claro, para mim, que a realização destes objetivos implicará a construção de centenas de quilómetros de novas linhas em de Portugal, milhares de quilómetros em toda a Europa», frisou Pedro Nuno Santos.

O Ministro referiu também, por outro lado, que estes objetivos parecem «insuficientes» para assegurar a transferência modal para a ferrovia:

«Por exemplo, triplicar o transporte de passageiros em alta velocidade de 2015 a 2050 corresponde a um crescimento anual de 3%. Recordemos que o transporte aéreo cresceu a uma média de 4% ao ano entre 2011 e 2019 na Europa. O mesmo se passa nas mercadorias. Duplicar os volumes de tráfego até 2050 é equivalente a um crescimento anual de 2%. Isto será facilmente ultrapassado pelo crescimento dos volumes num cenário de crescimento económico moderado», detalhou Pedro Nuno Santos.

Para o Ministro, estes objetivos só serão atingidos com um investimento maciço e publico, sendo os Planos de Recuperação e Resiliência «uma oportunidade para iniciar um novo ciclo de investimento que nos coloque novamente numa trajetória de progresso e que vá para lá da recuperação pós-pandemia».

«Sem progresso e justiça social, não haverá transição climática»

Pedro Nuno Santos afirmou também que «sem progresso e justiça social, não haverá transição climática» e é «aqui que o transporte ferroviário tem outro papel muito importante — contribuir para que a transição climática seja socialmente justa e equilibrada; contribuir para dar às pessoas mais opções e não menos».

«Uma pessoa que vive a 30 km do seu local de trabalho e num sítio sem boa oferta de transportes públicos, muitas vezes, não o faz por escolha. Muitas pessoas não escolhem morar num local onde precisam de se deslocar de automóvel diariamente. Para muitas famílias, essa escolha é determinada pelo local onde conseguem comprar ou alugar uma casa de dimensão adequada», frisou o Ministro.