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Histórico XXII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

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2021-10-09 às 15h23

Europa tem de «investir e cooperar mais entre si» para fortalecer a NATO

Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva
O Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou que «a autonomia da Europa no âmbito da defesa e da segurança não se faz fora da NATO», e acrescentou que os países da União Europeia têm de «assumir mais responsabilidades, investir mais e cooperar mais entre si» para fortalecer a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês).

Intervindo na Assembleia Parlamentar da Aliança Atlântica, que decorre em Lisboa de 8 a 11 de outubro, o Ministro lembrou que a NATO «é uma aliança político-militar fundada nos valores e nas instituições políticas das democracias» do Atlântico Norte, de «natureza exclusivamente defensiva», sublinhando que «não somos ameaça para ninguém».

O Ministro apresentou ao comité político da Assembleia Parlamentar a posição de Portugal sobre os temas políticos e de segurança que considera essenciais no âmbito do novo conceito estratégico da organização, que será aprovado na cimeira prevista para junho de 2022, em Madrid, sucedendo ao que foi adotado em 2010 na cimeira de Lisboa — Santos Silva era, então, Ministro da Defesa Nacional do XVIII Governo Constitucional.

Lembrando que a NATO se organiza «segundo o princípio das lições aprendidas», o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros frisou a necessidade de a Aliança aprender com os acontecimentos recentes no Afeganistão, de onde se retirou em agosto após uma presença de duas décadas. «Os militares sabem fazer isso melhor do que ninguém, mas fazemos isso também a nível político, seja nos Governos, seja nos Parlamentos», disse.

Embora se trate de um «exercício doloroso» no caso do Afeganistão, é fundamental para enfrentar outras situações, como a da Líbia, que «projeta instabilidade e ameaças» no norte e no centro de África.

Ameaças e desafios

Augusto Santos Silva definiu o terrorismo internacional como a principal ameaça atual, mas apontou o «comportamento agressivo da Rússia» como uma ameaça muito importante, e a «crescente assertividade da China» como um desafio novo.

«Os novos desafios colocados pelas alterações climáticas interpelam a NATO em todas as suas três tarefas: na defesa coletiva, na gestão de crises e na segurança cooperativa», disse.

O Ministro referiu também que a NATO tem a dupla vantagem de ser uma aliança política de democracias e de liderar a tecnologia de defesa e de segurança, sublinhando a importância de a aliança não perder a «vantagem que sempre teve» a nível tecnológico.

«Isso exige de nós um esforço brutal, porque temos de estar mais bem preparados para enfrentar as guerras híbridas, os ciberataques, os processos de desinformação, as campanhas dirigidas a enfraquecer a nossa principal força, que é a opinião pública dos nossos países», afirmou.

A força da democracia

Santos Silva apontou a «diplomacia pública» como essencial para a NATO, referindo que «a nossa advocacia em favor da paz, da segurança, da estabilidade, da cooperação é um elemento essencial para a força política que nós temos e que nos permitiu ganhar a Guerra Fria sem disparar um único tiro».

O Ministro referiu-se também à necessidade de reforço dos orçamentos de defesa, apontando o papel das Forças Armadas Portuguesas na logística da vacinação contra a Covid-19, e afirmando que representou uma «nova legitimação das Forças Armadas».