O dispositivo de combate aos incêndios dispõe este ano de 11 827 operacionais, mais cerca de 500 efetivos do que em 2019, apoiados por 2 664 meios terrestres e 60 meios aéreos, disse a Secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar.
A Secretária de Estado respondia a perguntas dos deputados, numa audição parlamentar sobre a limpeza de terrenos e prevenção contra incêndios.
Os cerca de 12 mil afetivos incluem bombeiros, sapadores florestais, Força Especial de Proteção Civil, Polícia de Segurança Pública e Guarda Nacional Republicana.
Pandemia não afetou
Apesar da pandemia da Covid-19, «não se estima, neste momento, um corte substancial nos efetivos disponíveis para as ações de resposta», disse Patrícia Gaspar, referindo que os mecanismos de prevenção e de apoio à decisão operacional têm sido reforçados e o dispositivo operacional está estabilizado.
«Os elementos que têm estado em confinamento ou afetados, e alguns deles já regressaram ao serviço, não têm afetado a operacionalidade destas forças. Se tudo se mantiver neste padrão, não se estima, nesta fase, que possa vir a haver uma afetação expressiva da nossa capacidade em termos de prevenção e de combate», disse.
Face à incerteza da evolução da pandemia em Portugal, a prioridade pela vigilância, no sentido de «robustecer ao máximo o ataque inicial» em caso de incêndio, concertando os esforços nas áreas mais críticas, inclusive nas 1 114 freguesias identificadas este ano com risco elevado de incêndio, e nos momentos mais críticos em termos de condições meteorológicas.
«Temos de acautelar o pior cenário possível, ou seja, vamos esperar o melhor, preparando-nos para o pior», disse a Secretária de Estado.
Este ano vai haver «uma diretiva operacional nacional para vigilância, sob a responsabilidade da GNR, que está na fase final de aprovação», o que constitui uma inovação, e que se destina a «reforçar o contexto da vigilância para poder colmatar ou robustecer eventuais problemas que venham a ser detetados».
Não baixar a guarda
«Por mais que trabalhemos a mitigação, o planeamento e a prevenção, o risco zero não existe, não vai existir nunca», afirmou Patrícia Gaspar, acrescentando que nunca se pode baixar a guarda ao risco de incêndios florestais, porque «esta vai ser uma guerra e uma luta permanente, que vai ter que ser feita todos os anos», independentemente da pandemia.
Este ano, até 14 de abril, há registo de 681 incêndios, face à média de 2 760 ocorrências registadas no último decénio para este período, e contabiliza-se 747 hectares de floresta ardida, face a uma média de 7 233 hectares, números que não satisfazem, mas «conferem alguma tranquilidade».
Quanto à gestão de combustível, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) já realizou 682 hectares dos 3 500 planeados para este ano e foi assegurada instalação das faixas de gestão e de interrupção de combustível da rede primária em 674 hectares dos 2 468 previstos.
Além disto, estão em curso ações de gestão de combustível com recurso a pastoreio, foram realizados 367 hectares de fogo controlado e feitos 216 caminhos florestados dos 1 000 planeados para este ano.
Relativamente aos projetos piloto de prevenção de incêndios em áreas protegidas, dos 2 000 hectares previstos para 2019 e 2020, foram já assegurados 1 130 hectares.