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2021-05-26 às 11h24

As verbas do PRR ou são utilizadas pelas empresas ou serão perdidas

Primeiro-Ministro António Costa conversa com empresários na da feira de mobiliário e decoração Capital do Móvel, Lisboa, 26 maio 2021 (foto: António Cotrim/Lusa)
É altura de as empresas portuguesas se «concentrarem no Plano de Recuperação e Resiliência, de o estudarem, de prepararem as candidaturas, porque vamos ter pouquíssimo tempo para o executar», disse o Primeiro-Ministro António Costa na inauguração da feira de mobiliário e decoração Capital do Móvel, em Lisboa.

Aa verbas do PRR para capitalização, inovação, qualificação profissional, centros tecnológicos, no valor de 3900 milhões de euros, «ou são utilizadas pelas empresas ou serão perdidas», afirmou, acrescentando que «é tempo de nos concentrarmos na realidade do Plano, para modernizar as empresas, melhorar as qualificações dos seus recursos humanos, a capacidade de inovação industrial e de internacionalização e exportação».

O Primeiro-Ministro disse também que «temos a obrigação de ir mais além do que teríamos ido sem pandemia, aproveitando esta oportunidade, este trampolim, para darmos um salto em frente, chegando a 2026 melhor do que chegaríamos sem este plano».

António Costa referiu que a indústria do mobiliário «é fundamental para a base económica do País» e o seu crescimento, como o de todos os setores, foi interrompido pela pandemia. Porém, como «estamos a chegar a uma fase avançada do processo de vacinação e podemos olhar com outra confiança para a capacidade de controlarmos a pandemia, é altura de nos focarmos na recuperação económica e social do País».

Ir mais além

«A recuperação não é voltar ao ponto em que estávamos em 2019. Isto significa que temos de recuperar o que perdemos, e ir mais além. Temos a obrigação de ir mais além porque a União Europeia, desta vez, compreendeu que a resposta a esta crise não podia ser idêntica à de há 10 anos atrás, e criou o Plano de Recuperação e Resiliência, que é uma resposta extraordinária e que acresce ao conjunto dos recursos que, de sete em sete anos, são disponibilizados, agora no Portugal 2020 e a seguir no Portugal 2030», disse.

No Portugal 2020, o programa Compete disponibilizou às empresas 4700 milhões de euros, e o Portugal 2030 vai disponibilizar às empresas cerca de 5 mil milhões de euros, disse. O PRR, com «uma verba que quase duplica» o «que temos para investir nos próximos 10 anos», concentra-se «num curtíssimo período. Todos os compromissos têm de ser assumidos até final de 2023 e todos os cêntimos têm de ser gastos até final de 2026», disse.

O Primeiro-Ministro afirmou que «o PRR mobiliza, para as empresas, apoios em áreas fundamentais para o seu futuro», para investirem em «aumentar o seu potencial de crescimento».

Capitalização e inovação

Em primeiro lugar, apoios para a capitalização, com 1550 milhões de euros. «Sabemos que o grosso das nossas empresas são pequenas e médias» - «como em Paços de Ferreira» -, e se as «queremos cada vez mais inovadoras e internacionalizadas, temos de aumentar a sua robustez financeira». «Muitas destas empresas têm e terão uma base familiar e as famílias querem manter o seu controlo sobre elas», sendo o Banco de Fomento um «instrumento fundamental para as empresas aumentarem o seu capital mantendo os seus sócios o controlo dessas empresas», disse. 

Em segundo lugar - «a indústria do móvel é um bom exemplo» -, «as empresas do futuro são as que associam o saber fazer com a inovação», o que «hoje significa aproveitar todas as ferramentas da sociedade digital. Estão reservados 650 milhões de euros só para adaptação das empresas à sociedade digital», para capacitação, aprendizagem, comércio online, «permitindo a Paços de Ferreira ser capital do móvel à escala global, porque o espaço digital permite chegar mais além com menos custos» através de uma plataforma online para todo o mercado global.

Reconversão e qualificação profissional 

Em terceiro lugar, «temos previsto mais de 1500 milhões de euros para a modernização do sistema de formação profissional, a reconversão e qualificação profissional, porque temos simultaneamente de investir na formação profissional das novas gerações e na requalificação profissional da população ativa que tem de aprender a trabalhar com as novas ferramentas, porque ninguém pode ser deixado para trás a transformação digital», afirmou. 

António Costa referiu que «muito do trabalho de precisão, que dá requinte ao mobiliário, continuará a ser feito manualmente, mas outras atividades passarão a ser feitas pela automação, e os que aprenderam a trabalhar com as ferramentas de marceneiro têm de aprender agora a trabalhar com as ferramentas do futuro, porque não podemos ter um País do futuro e outro que ficou para trás. Temos de avançar solidariamente, todos juntos para o futuro que desejamos».

Construir em conjunto

«Esta foi uma lição que todos aprendemos nesta pandemia, de que de nada nos servia protegermo-nos a nós próprios se não estivéssemos todos protegidos. E é assim que vamos ter de construir o futuro, apoiando-nos uns aos outros, crescendo uns com os outros», sublinhou.

O Primeiro-Ministro apontou ainda que «a existência de centros tecnológicos é da maior importância», referindo que «foi a existência de um centro tecnológico do têxtil e vestuário, muito sólido, que rapidamente definiu normas e certificou produtos», que «permitiu a Portugal, muito rapidamente, produzir máscaras certificadas».

E «temos de fazer o mesmo para o dia-a-dia porque, cada vez mais, para exportar é preciso ter produtos certificados. O PRR vai reforçar o programa Interface em mais 200 milhões de euros para desenvolver centros tecnológicos e laboratórios colaborativos para aumentar a associação entre a atividade industrial, a produção do conhecimento e a certificação da qualidade dos produtos», disse.