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2021-06-01 às 12h02

A vantagem geográfica de Portugal é fazer a ligação com outros continentes

Primeiro-Ministro António Costa visita as instalações do cabo ótico submarino entre a Europa e a América do Sul, Sines, 1 junho 2021
O Primeiro-Ministro António Costa presidiu à inauguração primeiro do cabo ótico submarino de alta velocidade entre a Europa (Sines) e a América do Sul (Fortaleza, no Brasil), uma infraestrutura essencial para a ligação digital e a transmissão de dados entre os dois continentes. 

O Primeiro-Ministro afirmou que «a ligação deste cabo a Sines é simbólica para Portugal. Todos dizemos que, na era digital, a desmaterialização do espaço faz com que não haja centro nem periferia, e é verdade, mas essa desmaterialização não pode prescindir de uma infraestrutura na qual a geografia volta a contar».

«Não é por acaso que foi daqui que se iniciou a primeira globalização, que Sines é um dos maiores portos da União Europeia, que é Sines o ponto de amarração do lado europeu deste cabo transatlântico», disse acrescentado que isto acontece «porque a nossa posição geográfica fez de nós, no passado, faz de nós, hoje e fará de nós, no futuro, a porta de entrada, um ponto de amarração entre a Europa e outros continentes». 

Porto de dados

É esta posição geográfica «que faz a diferença de Portugal na Europa e o contributo que Portugal dá ao enriquecimento da Europa. É podermos fazer a ligação e a abertura da Europa a outros continentes. Podermos fazê-lo pela história, pela língua, pela cultura, mas também fisicamente», sublinhou o Primeiro-Ministro.

Por isso, «este investimento privado, realizado pela EllaLink» - «que mostrou a sua confiança ao investir em Portugal» -, «é de importância estratégica para o conjunto da Europa, mas também para Portugal e para Sines» onde «já se instalou o maior datacenter do sul da Europa. Sabemos que outros cabos vêm a caminho e outros datacenters também».

Isto «significará que Sines vai ser um grande porto de mercadorias físicas, mas também um grande porto de dados, de conhecimento, que vai assegurar que todos possamos contactar uns com os outros transmitindo cada vez mais conhecimentos», o que criar «um mundo mais próximo, mais seguro e mais amigo».

Partilhar conhecimentos

António Costa destacou a importância do cabo para a «conetividade que permite que as comunidades científica europeia e latino-americana, ou portuguesa e brasileira, possam partilhar os dados e trabalhá-los em conjunto, que permite que as empresas possam desenvolver em conjunto toda a economia dos dados». 

Referindo que «a ciência não tem fronteiras» e que «este ano de Covid o demonstrou bem», o Primeiro-Ministro afirmou que «se foi possível, em tão pouco tempo, identificar novas vacinas, com novas tecnologias, que estavam a ser desenvolvidas para outros efeitos, que que foram aplicadas nesta vacina, isso deve-se ao facto de a comunidade científica ter trabalhado em conjunto, sem fronteiras». 

«O exemplo que a comunidade científica nos deu, de partilhar conhecimentos, dados, de trabalhar em conjunto, inspira o que este cabo vai tornar possível», disse também. 

Europa aberta

O Primeiro-Ministro lembrou que a presidência portuguesa da União Europeia tinha, entre as suas três prioridades fundamentais, «a autonomia estratégica de uma Europa aberta ao mundo, de uma Europa que se abre em conetividade aos outros». 

Neste quadro, na semana passada o Parlamento Europeu aprovou a criação da «blue card que permite a abertura das fronteiras europeias, em particular a cientistas, a quadros altamente qualificados, para entrarem e circularem livremente na Europa, porque nada substitui a ligação direta, cara a cara uns com os outros».

É também «esta conetividade que afirmámos na cimeira entre a União Europeia e a Índia, na qual lançámos uma parceria digital. A Índia é uma das grandes potências digitais e científicas do mundo e queremos estar ligados à comunidade científica indiana», disse.

Na cerimónia que se realizou em Sines, participaram também, por ligação internet, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o Presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, e o Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira. 

Liderando a década digital

A inauguração enquadrou-se na iniciativa «Liderando a década digital», uma conferência ministerial de alto nível que discute a transformação digital na União Europeia, organizada pela presidência portuguesa do Conselho e pela Comissão Europeia.

O Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, afirmou, a propósito da conferência «Liderando a década digital» que «queremos proteger mais os consumidores e proteger os direitos fundamentais dos utilizadores online». 

O Ministro destacou a «importância de a União Europeia ter a regulamentação aprovada e em vigor o mais cedo possível, de forma a proteger a competitividade, promover as plataformas mais pequenas e ajudar as pequenas e médias empresas e startup nos mercados digitais». 

Siza Vieira afirmou a importância de, no processo de transformação digital, garantir o respeito pelos princípios éticos dos direitos humanos, a soberania dos países, proteger os direitos das crianças e evitar os crimes online.