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Histórico XXII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

Intervenções

2020-11-09 às 16h42

Intervenção da Ministra da Cultura na audição conjunta da Comissão de Cultura e Comunicação e da Comissão de Orçamento e Finanças

A cultura é um exercício permanente de memória e, por isso, hoje quero começar esta intervenção evocando a memória do Mestre Cruzeiro Seixas, que ontem nos deixou, mas cujo legado, feito de uma imensa criatividade, permanecerá sempre como parte inapagável do nosso património artístico e literário. Como ele escreveu, "o fim não existe, tudo é recomeço". É isso que ao Mestre Cruzeiro Seixas devemos: não as palavras de um fim, mas a promessa de um recomeço.

Assim, convido-vos hoje a que comecemos pelo fim. O mesmo talvez seja dizer pelo princípio, pela razão primordial que nos traz a todos a esta sala. Tentemos, juntos, responder à seguinte questão: que importância damos ao papel da cultura? Este ano de 2020, de tão grandes dificuldades para tantos artistas e profissionais do setor, talvez tenha evidenciado a pertinência desta questão.

A cultura serve para nosso simples prazer e deleite; e também para elevar o nosso espírito de mulheres e homens livres. Mas ao dia de hoje, a cultura representa algo maior, mais urgente e gritante: a cultura é o bastião capaz de garantir a sobrevivência da nossa democracia. Não tenhamos, por isso, receio de usar as palavras: cada euro acrescentado à cultura serve para garantir a forma livre como hoje vivemos, como agimos, como pensamos.

A pandemia veio mostrar o que há muito sabíamos, mas talvez, antes dela, nos custasse olhar de frente: demasiados foram os anos de desinvestimento nesta área. Terá havido virtude no caminho percorrido até aqui, não o ignoro – mas latente está também o vício de continuar a pensar da mesma forma, perpetuando assim um sistema com muitas falhas, onde faltou uma visão de fundo, composta de medidas estruturais, integradas, estratégicas, que enfrentem os problemas sérios como a precariedade social, a assimetria regional, a sustentabilidade dos apoios, a capacidade de construir um setor suficientemente atrativo.

Leia a intervenção na íntegra em anexo.