«Que me digam que a minha pintura é igual à dele (Almada Negreiros) ofende-me. Sobretudo porque ele tem um grande nome. E isso foi das coisas que me fez parar. Havia sempre alguém a dizer a sua pintura é igual à de Almada. E não é nada igual». Sarah Affonso.
Sarah Affonso foi uma exceção no seu tempo.
No seu tempo, as mulheres não entravam no café A Brasileira. Mas Sarah Affonso entrou. «E porque é que não hei-de entrar na brasileira? Não era por gostar de café, que eu não gostava. Mas como as mulheres não entravam, eu entrei. E como era nova, ficavam todos a olhar, uns riam-se, mas depois habituaram-se e já não ligavam».
No seu tempo, as mulheres não entravam em Belas Artes. Mas Sarah Affonso entrou em Belas Artes, que concluiu como a última discípula de Columbano Bordalo Pinheiro. Passou por Paris e chegou a expor as suas «meninas» no Salom d’Automne de 1928, algo considerado, à data, uma glória nacional.
Mas Sarah Affonso acabou mesmo por desistir da pintura alguns anos após o casamento».
Leia a intervenção na íntegra