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Histórico XXII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

Intervenções

2021-02-28 às 20h10

Artigo do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros «O novo ciclo euro-americano e a abertura ao mundo»

Artigo publicado no suplemento P2 do jornal Público de 28 de fevereiro

Os discursos de Joe Biden na cerimónia de investidura, no Departamento de Estado e na Conferência de Munique veicularam uma mudança profunda na política externa dos Estados Unidos. A participação do secretário de Estado Anthony Blinken no Conselho dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, na passada segunda-feira, confirmou tal mudança.

Seria errado interpretá-la como um simples retorno ao tempo de Barak Obama, em que Biden e Blinken já haviam tido elevadas responsabilidades. A política de que fala o atual Presidente está nos antípodas da de Trump, mas também é nova por comparação com a época anterior a 2017.

As primeiras palavras de Biden exprimem três teses fundamentais. Reclamação de liderança internacional, bem escudada normativamente ("pela força do exemplo"), com recusa liminar da prossecução da anterior linha isolacionista e "transacional". Opção multilateralista, querendo isso dizer, ao mesmo tempo, adesão às grandes agendas globais e valorização das organizações multilaterais e das formas de entendimento e concertação que estão no seu âmago. Abandono, pois, da pulsão unilateralista e da lógica puramente confrontacional. E designação da Europa (a União Europeia e o Reino Unido) como os aliados mais próximos para essa liderança pelo exemplo, para essas agendas globais e para esse reforço do multilateralismo. Em vez, portanto, das ambiguidades face à Rússia e das animosidades face a Bruxelas, Berlim ou Paris (tão cultivadas por Trump), uma clara ênfase na comunidade transatlântica e na aliança política e de segurança que a consubstancia.

As primeiras decisões foram conformes: retorno ao Acordo de Paris, travagem da saída da Organização Mundial de Saúde, fim do bloqueio à Organização Mundial do Comércio, participação no Conselho dos Direitos Humanos, múltiplas interações com os aliados europeus, escolhas fortes para as Nações Unidas.

Este início do mandato de Biden é uma oportunidade imperdível para todos quantos acreditam no valor da aliança euro-americana para a ordem mundial. Mas como, da perspetiva europeia, aproveitá-la?»

Leia o artigo na íntegra em anexo.