Artigo do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: «20 anos depois do 11 de Setembro, revalorizar a política»

Recordo tudo isto porque tudo isto deve ser tido em consideração quando falamos, agora, do 11 de setembro. Ademais, fazemo-lo numa circunstância particular, dias depois do regresso dos Talibãs ao poder em Cabul. A verdade é que nestas duas décadas nenhum atentado terrorista em território ocidental foi preparado e organizado no Afeganistão. Mas também é verdade que um dos objetivos principais da nossa missão – capacitar as instituições políticas e militares desse país para defender o seu território e população – falhou manifestamente. Havendo muitas lições a retirar do facto, pergunto-me se uma delas não é revalorizar a lógica de resposta aplicada em iniciativas como a Aliança das Civilizações, compreendendo melhor o Outro, sendo mais humilde na nossa pretensão de transformá-lo e preferindo trabalhar com ele, com objetivos realistas e mutuamente partilhados.

Isto não significa, de modo nenhum, hesitar na garantia da nossa própria segurança; significa, isso sim, articular melhor as dimensões política, civil e de segurança de uma tarefa cuja complexidade exige o concurso de todos. Para que possamos viver no mesmo planeta, na diversidade das nossas crenças, valores e instituições, mas respeitando a dignidade e os direitos de todos.