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Histórico XXII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

Comunicados

2021-11-12 às 9h28

Ministra da Cultura lamenta profundamente a morte do compositor, musicólogo e crítico João Paes

A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamenta profundamente a morte do compositor, musicólogo e crítico João Paes, figura central na promoção, durante várias décadas, do universo da música erudita e na captação de novos públicos para estilos e repertórios diversificados em Portugal. 
 
Tendo uma formação de base na área da Engenharia, cedo João Paes se apaixonou pelos labirintos e fascínios da música, tendo sido aluno de composição do prestigiado Joly Braga Santos. 
 
Mas o seu percurso não se limitou à divulgação de compositores e obras de referência, estendendo-se também aos domínios da programação artística, da gestão de instituições e projetos culturais, para além da crítica, da autoria de programas, da realização de conferências e da composição musical na vertente erudita. 
 
João Paes teve ainda um papel muito significativo na dinamização de várias produções operáticas portuguesas de referência a partir de obras de Braga Santos, Álvaro Cassuto ou António Victorino d’Almeida, bem como no cinema – uma das suas paixões, tendo feito crítica nesta área – com a composição de música original para filmes de Manoel de Oliveira (nos anos 70 e 80), realizador com o qual manteve sempre uma enorme cumplicidade pessoal e criativa. Destaca-se, neste âmbito, a sua premiada banda sonora para o filme-ópera "Os Canibais", de 1987. 
 
Deteve vários cargos de relevo na área cultural ao longo da sua multifacetada trajetória profissional, de que se destacam, entre outros, a direção artística do Teatro Nacional de São Carlos entre 1974 e 1981 – onde abriu as portas a várias óperas contemporâneas do século XX –, a função de Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal em Washington a partir de 1982, a presidência da Juventude Musical Portuguesa, a direção da Rádio Cultura (atual Antena 2) de 1990 a 1992 ou a coordenação da programação musical da Lisboa 94 – Capital Europeia da Cultura na área da música erudita, integrando ainda o Conselho Nacional de Cultura de 1994 a 1998. 
 
João Paes marcou ainda indelevelmente o panorama da atividade radiofónica nacional durante três décadas, quer nas vertentes de produção e realização de formatos/programas pedagógico-artísticos que se fixaram na memória coletiva, quer dedicando-se a garantir a disseminação da rede de emissores e retransmissores pelo território nacional para maior cobertura comunicacional. 
 
Uma figura ímpar que deu um contributo incontornável para uma maior democratização do acesso à cultura erudita nas suas dimensões clássica e jazzística, assumindo, de modo visionário, todo um trabalho apaixonado e consistente daquilo a que hoje chamamos de "mediação cultural e artística" – era apologista de ensaios abertos, sessões comentadas –, visando aproximar jovens e adultos de conteúdos e propostas que à partida pareceriam pouco acessíveis, distantes ou de difícil compreensão e adesão estética. 
 
João Paes foi esse "passaporte" cativante para a outra margem, um construtor de pontes que abriu horizontes e rasgou novas janelas de futuro para uma arte e cultura que se desejam vivas e vibrantes. 
 
À família e amigos enviam-se sentidas condolências. 

Tags: música
Áreas:
Cultura