Ministra da Cultura lamenta morte do poeta e tradutor Pedro Tamen

A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamenta profundamente a morte do poeta, tradutor e homem da Cultura Pedro Tamen (1934-2021), figura maior da literatura portuguesa, com um domínio magistral da nossa língua, notável tanto na sua obra poética como no seu trabalho de tradução.

Natural de Lisboa e licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Pedro Tamen foi um nome inquestionável da literatura portuguesa, tanto em Portugal como no estrangeiro, tendo-se destacado nos muitos registos em que o seu trabalho se desenvolveu, seja como poeta, como editor, mas também como um dos mais exemplares tradutores para língua portuguesa. Membro da primeira direção da Associação Portuguesa de Escritores, Pedro Tamen foi também uma figura central na administração da Fundação Calouste Gulbenkian, cargo que exerceu entre 1975 a 2000.

Com uma obra poética vasta e amplamente traduzida, Pedro Tamen construiu um dos mais originais percursos literários da segunda metade do século XX. Culta, rigorosa e inovadora, a sua poesia insere-se numa tradição literária que elevou a ironia distanciadora a uma arte capaz de encantar, desarmar e, ao mesmo tempo, construir uma análise profunda e impressiva da condição humana.

Como tradutor, Pedro Tamen foi um exemplo de rigor e excelência, com um trabalho abrangente, contribuindo para a aproximação entre as literaturas das diferentes línguas que traduziu, com destaque para muitas das grandes obras da literatura em língua francesa e espanhola a que os leitores de português puderam aceder através do seu labor aturado, paciente e exigente.

Reconhecido pelos leitores e pela crítica, Pedro Tamen venceu a maior parte dos prémios literários atribuídos em Portugal, como o Prémio D. Diniz (1982), o Grande Prémio de Tradução Literária (1990), o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários (1991), o Prémio P.E.N. Clube Português de Poesia (2001), o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava (2006), o Grande Prémio de Poesia APE (2010) e o Prémio Literário Casino da Póvoa (2011). Recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, tendo sido também distinguido com a Orden del Mérito Civil (Espanha) e a Ordre National du Mérite (França).

Portugal perdeu hoje um homem de cultura no seu sentido mais pleno, que valorizou, com a sua produção poética e crítica, a cultura portuguesa, mas que deu a conhecer também novos talentos e o encanto de outras línguas e culturas.

À família e amigos enviam-se sentidas condolências.