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Comunicados

2021-07-30 às 18h28

Ministra da Cultura lamenta morte da pianista Olga Prats

A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamenta profundamente a morte da pianista e pedagoga Olga Prats (1938-2021), figura de relevo na arte de bem ensinar e na interpretação de inúmeros repertórios e estilos musicais, destacando-se a música de câmara e tendo dedicado uma assinalável atenção à produção contemporânea ao longo da sua prolífica carreira. Ficará o incontornável legado e um pensamento lúcido, poético e apaixonado marcado pela música como respiração dos dias: "O gesto traz a música e a música completa o gesto."

Olga Prats foi uma figura proeminente na área do ensino, lecionando na Escola Superior de Música de Lisboa e no Conservatório Nacional, local que considerava "a sua segunda casa" e onde estudou e terminou o curso superior de piano em 1957, prosseguindo depois os ensinamentos musicais na Alemanha e Suíça. Como recordaria o seu biógrafo Sérgio Azevedo, a intervenção da Marquesa de Cadaval foi fundamental para que Prats pudesse estudar e conhecer músicos na infância e juventude, e para a compra, pela família, do seu primeiro piano.

Em 1960, regressada a Portugal, estudou com a renomada pianista Helena Sá e Costa, frequentando depois diversos cursos internacionais. Os meios académicos internacionais desde cedo sinalizaram o seu enorme talento, tendo sido convidada para ensinar nas classes de música de câmara de personalidades como Karen Georgian, Paul Tortelier e Ludwig Streicher. 

Havia sempre música em casa, como diversas vezes recordaria, e aos 14 anos, nove anos após ter iniciado a aprendizagem do instrumento, daria o seu primeiro recital de piano no Teatro Municipal S. Luiz, em Lisboa, em maio de 1952. 

Como intérprete, são de sublinhar as suas gravações em torno da obra de Piazzolla – um dos seus discos mais emblemáticos, de 1987, na primeira abordagem pianística ao bandoneonista e compositor argentino em Portugal – e de divulgação de composições de fado dos finais de Oitocentos e inícios do século XX. Olga Prats tocaria ainda com inúmeras orquestras nacionais e estrangeiras de reconhecido mérito. 

O seu percurso musical passa ainda pela revisitação de compositores de referência como Bach, Schumann, Brahms e Stravinsky, entre outros que incluiu no seu vasto e eclético repertório, no qual a música de câmara ocupou sempre um lugar primacial. Junta-se ainda à sua biografia uma dinâmica colaboração com figuras como Fernando Lopes-Graça, António Victorino d’Almeida ou Constança Capdeville (pianista que muito a marcou e impulsionou), entre outras. 

Olga Prats foi membro-fundadora de vários grupos, com destaque para o Opus Ensemble, agrupamento de referência – que lhe abriu horizontes", como mais tarde confessaria – criado em 1980 e grande responsável pela divulgação internacional de muitos compositores portugueses. 
 
Preferiu dedicar a sua energia e talento à música "no plural", à vibração cúmplice do coletivo, em vez de enveredar por uma carreira como concertista, confessando mesmo: "Foi uma opção mas tive a sorte de encontrar pessoas com quem se consegue fazer música em conjunto. Não é nada fácil. É uma união estranha mas muito íntima. As pessoas têm de encontrar-se no ato de fazer música e às vezes ceder um bocadinho perante a força da música, que é o mais importante."

À família e amigos enviam-se sentidas condolências.
Tags: música
Áreas:
Cultura