Ministra da Cultura lamenta morte da atriz e professora Teresa Mota

A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamenta profundamente a morte da atriz e professora Teresa Mota (1940-2022), talentosa intérprete e criadora do teatro português e francês e prestigiada académica na área dos estudos teatrais.

Natural de Tomar, cedo iniciou o seu percurso profissional, participando no programa infantil de Maria Madalena Patacho, «Meia-Hora de Recreio», na Emissora Nacional. Esta participação deu início a uma longa colaboração com a Emissora Nacional, na qual deu voz a diversas personagens dos folhetins radiofónicos do "Teatro das Comédias", sob direção de Álvaro

Benamor. Na televisão portuguesa, protagonizou, junto com Gustavo Fontoura, um dos primeiros e mais emblemáticos programas infantis dos nossos ecrãs, «As cartas do tio João (e da sua sobrinha Teresinha)», onde a sua presença simpática a tornou um dos jovens rostos mais reconhecíveis no final da década de 50.

A sua paixão pela representação e pelo teatro levaram-na, também cedo, a colaborar com a Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, participando, ainda enquanto estudante, em duas produções desta companhia histórica do teatro português, cujo elenco permanente depois viria a integrar. Nesta companhia, o seu trabalho foi amplamente reconhecido pelos seus pares e

pela crítica, nomeadamente na sua interpretação no papel de Julieta, na peça «Romeu e Julieta» apresentada no Teatro Nacional D. Maria II em 1961.

Em 1963, parte para Paris onde, graças a uma bolsa de estudo da Fundação Calouste Gulbenkian, frequenta um curso teatral no Centre Dramatique de la Rue Blanche, ao mesmo tempo que faz a sua licenciatura na Sorbonne, prestigiada universidade francesa na qual concluiu também o seu doutoramento e onde, a partir de 1993, lecionou enquanto professora, na especialidade de Língua e Teatro.

Na década de 70, juntamente com o seu marido, o encenador Richard Demarcy, fundou a companhia teatral «Naïf Théâtre», uma companhia que marcou a história do teatro em França e uma das primeiras a levar a obra de Fernando Pessoa aos palcos franceses.

Num percurso profissional em que o teatro e o ensino se entrecruzaram e complementaram, Teresa Mota, para além do seu talento criativo enquanto atriz, deve ser reconhecida como uma representante da cultura portuguesa em França, contribuindo para a divulgação internacional do nosso teatro e da nossa literatura.

À família e amigos enviam-se sentidas condolências.