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2018-01-25 às 22h21

União Europeia tem «uma nova energia» para avançar para uma maior integração

Primeiro-Ministro António Costa na conferência sobre o futuro da Europa no Fórum Económico Mundial, Davos, Suíça, 25 janeiro 2018
Há «uma nova energia na União Europeia para avançar» para avançar para uma maior integração, afirmou o Primeiro-Ministro António Costa numa das suas intervenções na conferência sobre o futuro da União Europeia, «Um novo impulso para a Europa», no Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça.

«Se há lição que devemos retirar do Brexit é que a vontade dos povos nunca pode ser secundarizada e, por isso, cada Estado-membro deve ter uma margem de liberdade dentro da União Europeia», acrescentou. 

Todavia, «uma minoria de Estados-membros também não pode impedir que outros avancem em termos de processo de integração», sublinhou o Primeiro-Ministro, afirmando que a ideia de «uma Europa com geometria variável» que «já existe quer com Schengen, quer com a zona euro».

Na conferência, em que participaram também os Primeiros-Ministros da Holanda Mark Rutte, e da Irlanda, Leo Varadkar, e a Comissária europeia para o comércio, Cecilia Malmstrom, António Costa disse que em paralelo a esta geometria variável deve haver também maior integração.

No caso da zona euro, a criação de uma convergência através do aprofundamento da união económica e monetária entre os países que a integram é a solução para garantir sustentabilidade à política monetária da zona euro.

«Há matérias em que é impossível obter resultados cada um por si, como o combate ao terrorismo, a política de migrações ou a resposta às alterações climáticas. Precisamos de reforçar a cooperação policial, a cooperação entre as autoridades judiciárias e na Defesa. Mas, para a União Europeia ter estabilidade tem de haver convergência», sublinhou.

É também nestas questões, que são as que mais preocupam os cidadãos, que a União Europeia deve mostrar a sua utilidade na vida diária, para voltar a ganhar a confiança dos europeus, referiu.

O Primeiro-Ministro referiu-se também à crise financeira e económica internacional começada em 2008, referindo que «atacou os países de forma diferente», e estes «adotaram também medidas diferentes».

«O meu Governo escolheu outras políticas para atingir os mesmos objetivos e, com isso, saiu no ano passado do Procedimento por Défice Excessivo e vai fechar 2017 com um défice na ordem de 1,2%», disse rejeitando a ideia de que havia uma única política para ultrapassar a crise.

Acordo com o Mercosul

António Costa afirmou a importância de concluir o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul nas próximas semanas: «O acordo entre a União Europeia e o Mercosul é fundamental. Só para termos uma noção de grandeza, esse acordo tem um impacto económico dez vezes superior em comparação com o que foi celebrado com o Canadá», disse.

O acordo com o Mercosul, que inclui 10 países da América do Sul, constitui «uma oportunidade única no sentido de ser reforçada a relação transatlântica, num momento em que os Estados Unidos desinvestem do comércio internacional e que discutem se mantêm ou não o acordo da NAFTA», a Associação de Comércio Livre da América do Norte.

As alterações na política comercial externa dos Estados Unidos criam à União Europeia novas oportunidades no comércio internacional e, com o acordo com o Mercosul «temos uma oportunidade de reforçar uma relação com países tradicionais parceiros da Europa». 

«Todos estes países da América do Sul são países com origem na Europa, o que significa laços muito profundos», acrescentou o Primeiro-Ministro que tem afirmado que o processo de globalização deve ser regulado.

Embora alguns países europeus tenham «algumas dificuldades relativamente a algumas das suas produções» com o acordo com o Mercosul, «não há nenhum acordo comercial que não afete de uma forma ou de outra qualquer atividade económica em qualquer país», afirmou. 

«Portanto, temos de reduzir os impactos negativos e maximizar as oportunidades», pois o acordo com o Mercosul «terá um impacto económico para o conjunto das empresas da União Europeia, assim como para a criação de emprego na Europa, de uma dimensão muito superior a todos os acordos já negociados até agora».