«Tenho muito orgulho em que em Portugal tenha existido repetidamente um consenso político muito alargado quanto às políticas de migrações em geral e, em especial, quanto à política de refugiados a que, Governo após Governo, tem sido possível dar continuidade sem abrir fissuras nem dar lugar ao oportunismo populista que hoje parece estar muito em voga em algumas zonas do mundo», disse o Primeiro-Ministro António Costa.
O Primeiro-Ministro discursava na inauguração do Centro de Acolhimento de Refugiados, em São João da Talha, Loures, a terceira e maior instalação do Conselho Português de Refugiados, com capacidade para 90 pessoas – famílias e também menores, mulheres ou homens sozinhos -, que será um ponto de passagem para a integração destas pessoas na sociedade portuguesa.
António Costa afirmou que «quando nós - que vivemos no continente e na região do continente mais rica e que mais oportunidades tem dado aos seres humanos para se desenvolverem, que é a União Europeia – ouvimos vozes reclamando e protestando contra a ideia de que a Europa tem o dever de acolher estes seres humanos, não podemos deixar de nos sentir chocados e revoltados».
68 milhões de refugiados
Referindo que quando existem 68 milhões de refugiados em todo o mundo, disse que o número «tem vindo dramaticamente a aumentar» devido às «vítimas das guerras, das violações dos direitos humanos, das discriminações raciais, étnicas ou religiosas e das perseguições em função da orientação sexual».
Perante a dimensão desta tragédia humana «é uma indignidade a Europa querer discutir a sua capacidade para acolher refugiados - convém não esquecer que só a Jordânia acolhe tantos refugiados como o conjunto dos 28 Estados membros da União Europeia», sublinhou o Primeiro-Ministro.
«Quando 28 Estados com o nível de desenvolvimento que a União Europeia tem, se permitem discutir se têm ou não têm capacidade de acolher refugiados, isso significa que o valor da dignidade da pessoa humana está efetivamente em causa», sublinhou.
António Costa disse ainda que «não temos o direito sequer de discutir se temos ou não temos capacidade quando vemos outros países, muito mais pobres que o conjunto da União Europeia, mais pequenos que o conjunto da União Europeia, estarem a assumir uma responsabilidade muito superior àquela que estamos a assumir».
O Primeiro-Ministro foi acompanhado pelos Ministros da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e pelas Secretárias de Estado Adjunta do Primeiro-Ministro, Mariana Vieira da Silva, e para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro.
Numa declaração à imprensa no final da inauguração, António Costa informou que pediu ao Conselho Superior de Magistratura a designação de um magistrado judicial para elaborar o relatório sobre a atividade das diversas entidades envolvidas no socorro ao helicóptero do INEM que se despenhou no dia 15 de dezembro.