O Primeiro-Ministro acrescentou que «assegurar a competitividade é determinante para garantir uma coesão sustentada e por isso as duas têm que andar de mão dada».
Por isso, «temos de valorizar a competitividade dos territórios de baixa densidade e reforçar a coesão dos grandes centros urbanos que concentram bolsas de pobreza».
Assim, o próximo Quadro Financeiro Plurianual da União deve reforçar a competitividade e a coesão, disse António Costa.
Mas deve também reforçar a convergência real, através da correção das disparidades socioeconómicas na União, pois «só uma convergência reforçada dará uma base sólida ao futuro da Europa».
Esta convergência real deve fazer-se através de mecanismos assentes «numa base contratual, de forma a executar reformas desenhadas à medida de cada país em função dos seus bloqueios estruturais específicos».
Estes mecanismos devem permitir melhorar o potencial de crescimento de cada país, «com metas quantificadas e calendarizadas, cujo cumprimento condicione a transferência faseada das tranches de financiamento», numa «condicionalidade positiva, que funcione através de incentivos».
Coesão, Competitividade e Convergência
Coesão, Competitividade e Convergência são «três objetivos que devem andar de mão dada», e «ao desenhar o próximo Quadro Financeiro, teremos a oportunidade de o dotar de mecanismos que permitam reforçar essa complementaridade» entre estes três objetivos.
Contudo, «para podermos responder com eficácia a estes novos desafios, não podemos fragilizar as fundações da nossa União, como a Política Agrícola Comum ou a Política de Coesão», disse.
O Primeiro-Ministro sublinhou que «se os cidadãos europeus pedem mais à União, os Estados-membros têm que dar mais à União» e «não podemos querer fazer mais, fixando-nos como dogma para o orçamento da União o limite de 1% do Rendimento Nacional Bruto»: «se queremos estar à altura do que nos exigem os cidadãos europeus, temos de aumentar as contribuições dos Estados-membros ou os recursos próprios da União».
Por isto, «as negociações do próximo Quadro financeiro serão exigentes, uma vez que este terá que acomodar o impacto do Brexit, manter as suas políticas estruturais e corresponder às novas prioridades comuns», o que implica «garantir os meios para que sejam eficazes e permitam concretizar a nossa ambição».
«Se queremos uma União mais forte, mais resiliente às crises e mais preparada para os novos desafios, temos que ter uma União com mais recursos», afirmou António Costa.
Condição de sucesso
O Primeiro-Ministro afirmou também que «uma maior coesão e convergência são condição de sucesso» de várias políticas europeias, devendo estar presentes nos novos instrumentos dessas políticas.
Assim, «para vencer o desafio das alterações climáticas, precisamos de uma União forte que assegure o cumprimento à escala global do Acordo de Paris, mas precisamos das coletividades locais para promover a resiliência das florestas e o seu papel como sumidouros de CO2, e das cidades para executar uma nova política de mobilidade».
«Em matéria de migrações, se precisamos de desenvolver, ao nível da União, uma Agenda das Migrações que promova a cooperação com os países de origem, se precisamos de cooperação entre os Estados-membros para a proteção da nossa fronteira externa, são essenciais as coletividades locais para a inserção harmoniosa dos migrantes na nossa sociedade».
«Se o combate ao terrorismo exige maior cooperação entre as autoridades policiais, judiciárias e os serviços de informação, só uma forte política de inclusão social previne a radicalização nas periferias ou nos centros urbanos empobrecidos das nossas cidades».
«Se queremos pôr em ação o Pilar Social que aprovámos em Gotemburgo, temos de ter as coletividades regionais e locais como atores decisivos da coesão social», disse ainda António Costa.