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2018-10-26 às 19h36

Comunidade Islâmica é um parceiro no combate contra o extremismo e a intolerância

Primeiro-Ministro António Costa cumprimenta membros da Comunidade Islâmica na cerimónia do seu 50.º aniversário, Lisboa, 26 outubro 2018 (Foto: José Sena Goulão/Lusa)
«A comunidade islâmica portuguesa agrega diferentes origens e sensibilidades, que têm sabido conviver de forma pacífica ao longo dos anos, no respeito enriquecedor pelas suas diferenças. Em conjunto, são parceiros inestimáveis nesse combate que nos une a todos contra o extremismo e a intolerância», afirmou o Primeiro-Ministro António Costa no encerramento do 50.º aniversário da Comunidade Islâmica de Lisboa.

O Primeiro-Ministro referiu que «a comunidade islâmica é plural e em Portugal é feita de muitas diásporas», tendo sido criada por portugueses de origem indiana vindos de Moçambique, integrado elementos de outros países de língua portuguesa, e acolhendo pessoas de variadas origens, como o Bangladesh, Paquistão, Marrocos ou Argélia. 

Todavia, esta comunidade «não é algo exterior a nós – não é o passado, não é o imigrante, não é o estrangeiro, não é o outro; é uma parte de nós, que nos enriquece de diversidade».

Bom convívio entre as religiões

António Costa assinalou que «por razões históricas e culturais, há um bom convívio entre as diversas religiões no Portugal contemporâneo, que tem sabido conjugar com equilíbrio e inteligência a laicidade do Estado com um amplo grau de liberdade religiosa».

O Estado laico é «independente na sua autodeterminação, mas que não pode nem deve ignorar quais são os sentimentos religiosos da população», disse. 

«A laicidade não é a ignorância das religiões existentes. É o respeito e a liberdade relativamente a todas elas», e não seria «aceitável que o Estado não só limitasse como não respeitasse profundamente a forma como a maioria dos portugueses vive a sua religiosidade, nas suas diferentes formas». 

Respeito fortalece a liberdade

Aliás, «e respeitando-nos uns aos outros que fortalecemos a nossa democracia e a nossa liberdade», sublinhou o Primeiro-Ministro, que recordou que na «nossa história, sempre que alguém não respeitou as crenças e a liberdade de crença dos outros, o país regrediu». 

António Costa firmou que Portugal possui «uma cultura de tolerância, consolidada em conjunto com o próprio regime democrático e que garante que a liberdade religiosa seja um elemento estruturante do Estado de direito, protegendo todos os cidadãos, independentemente de praticarem religiões minoritárias ou maioritárias ou mesmo de serem ou não crentes». 

O Primeiro-Ministro disse que «Portugal deve dar esse exemplo à Europa, de que não precisa de fechar-se ao mundo, mas acolher a diversidade como fator de riqueza, recusando os movimentos que acentuam a diferença e o exclusivismo».

Afirmação da identidade de forma inclusiva

Contudo, «num século em que as pulsões identitárias ganham uma visibilidade crescente e por vezes preocupante, temos de garantir que a identidade assume uma natureza inclusiva e tolerante e é integrada no quadro protetor mais vasto dos direitos da cidadania, tendo em vista a promoção dos direitos humanos, do desenvolvimento integral de cada pessoa e dos valores da paz, da liberdade, da solidariedade e da tolerância», afirmou o Primeiro-Ministro.

António Costa disse ainda que «é preciso lembrar que os fanatismos não terminaram e, por isso, a tolerância tem de ser construída todos os dias, não só a religiosa mas igualmente a mantida em relação a todas as diferentes formas de vida, para que a vida em sociedade seja possível». 

Para tal, é necessário «que as religiões estimulem o diálogo intercultural e inter-religioso, evitando lógicas de oposição entre civilizações e reforçando o seu contributo para a paz», acrescentou.