Mensagem da Senhora Ministra da Cultura por ocasião da entrega do Prémio Vergílio Ferreira a Nélida Piñon

Não podendo estar pessoalmente presente, gostaria de dar as maiores felicitações à Universidade de Évora, por esta iniciativa que, desde 1997, tem cumprido o seu objetivo de premiar autores de língua portuguesa e as suas obras, homenageando a cada ano o nome deste escritor tão intimamente ligado à cidade de Évora através dos nomes dos autores escolhidos.

Quero dirigir, por isso, uma palavra especial e de enorme reconhecimento à grande mulher e artífice maior da língua portuguesa, Nélida Piñon. Quero também deixar-lhe aqui um profundo agradecimento, pela sua irredutível defesa da língua portuguesa enquanto património de construção comum dos povos que nela se expressam.

 

É fundamental o papel que a literatura desempenha na aprendizagem da língua. Mais leitores e uma maior e melhor experiência da leitura são, na verdade, duas missões que devem ser permanentemente renovadas e reafirmadas, principalmente quando vivemos épocas como esta em que, como disse o escritor Alberto Manguel, os leitores parecem ameaçados de extinção. Mas leitura é e sempre foi uma forma de luta contra a extinção. 

Enquanto leitor e mundo se refletem mutuamente no ato de leitura, cria-se uma memória comunicável. Através das palavras permanecemos, através da língua portuguesa criamos uma ponte que atravessa os séculos que ao invés de separar, unem D. Dinis a Vergílio Ferreira e, claro, a Nélida Piñon, uma ponte que une povos, culturas, géneros e geografias.

Faço votos que este prémio continue a contribuir para este objetivo maior, o de nos aproximar enquanto falantes de português, mas, também, o de nos permitir, nessa língua que nos une, falar sobre aquilo que nos distingue.

 

Obrigada a todos. E parabéns!