«Celebramos hoje mais um aniversário da Restauração da Independência de Portugal.
Em 1640, depois de seis décadas de interregno, alguns tomaram em mãos o nosso destino coletivo – ou, talvez melhor, a recuperação do nosso destino coletivo. Foram heroicos, sabiam que arriscavam muito, sabiam que podiam arriscar tudo. Foram determinados. E fizeram aquela que foi a nossa segunda refundação, quase meio milénio depois da primeira.
Curiosamente, e nem que fosse por oposição, era, por ventura, mais fácil – mais simples – intuir o que fosse a independência, como corolário da soberania e como antecâmara imediata da estadualidade. Ninguém, creio, questionava a identidade dos portugueses como nação. Mas, mais do que nação, os 40 conjurados sonhavam em que voltássemos a ser um povo – como especial qualificação que só vem com a estadualidade.
Porque povo, nesse conceito mais rico, cumpre-se em virtude dessa realização da liberdade. Incorpora, por causa dessa liberdade realizada e concreta, aquilo que o ser nação representa. Mas acrescenta-lhe a relação clara e inquestionada com um espaço próprio (a que chamamos território) e a uma muito peculiar forma de poder, que de todas se distingue, pelo caráter único, exclusivo e excludente: a soberania.»
Leia a intervenção em anexo